Um fato novo na política da Paraíba começa a desnudar, mais uma vez, a forma como se pratica esta que é uma das mais nobres atividades sociais da história. No lugar de ser ação pelo bem comum, na Paraíba a política parece tão somente a luta do poder pelo poder, sem qualquer compromisso com a sociedade e com o Estado.
Novo é o fato de que o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) está criando condições de elegibilidade a parir de mudanças no posicionamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre prazos para contar a inelegibilidade resultante de cassação por abuso de poder e conduta vedada.
Antes, o TSE entendia que os oitos anos estabelecidos pela Lei da Ficha Limpa eram contados inteiros, sem se levar em consideração o dia dos fatos (eleição). Agora, com mudanças de ministros, o entendimento é que deve-se levar em consideração o prazo inicial, que é o dia da eleição que deu ensejo à cassação do registro.
Assim, como a eleição de 2006 foi realizada no dia 1º de outubro e a eleição de 2014 ocorrerá no dia 5, Cássio estaria livre da punição no dia do pleito, ganhando, portanto, condições para disputar a eleição.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na análise da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, que a condição de elegibilidade deve ser apurada no momento do registro da candidatura. Neste momento, Cássio ainda estaria inelegível, mas disputaria a campanha sub judice e, depois do pleito, com vitória ou derrota, os recursos perderiam o objeto.
Mas, voltando ao desnudar que esses fatos provocam...
De repente, começa-se a se conceber alianças entre adversários históricos e forças díspares pura e simplesmente visando a perspectiva de se chegar ao poder.
Não se quer saber do passado e da história dos candidatos e dos integrantes das alianças, de projetos de gestão ou dos compromissos com o Estado e a sociedade. Vale tão somente a perspectiva de se ganhar a eleição e de se almejar um naco de poder.
Não que Cássio não possa ser candidato e que seus adversários históricos não possam a ele se aliar agora. O problema é que em todas as movimentações até o momento vislumbra-se apenas a luta pelo poder, sem qualquer compromisso com o desenvolvimento do Estado.
A Paraíba é o cenário de sempre. Os atores são praticamente os mesmos. O enredo se repete: a luta do poder pelo poder. O final da história é invariável: um drama de pobreza, atraso, corrupção e muita desfaçatez política. Triste espetáculo!
Josival Pereira
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