ACIDENTE COM O CARRO ALEGÓRICO EM SANTOS

Mãe de vítima do carnaval pediu para 

filho não ir trabalhar naquela noite

'Preciso do dinheiro mãe', disse filho antes de sair de casa.
Familiares passaram o dia no IML de Santos, no litoral de São Paulo.

Do G1 Santos

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Famílias das vítimas do acidente com o carro alegórico da escola de samba Sangue Jovem de Santos, no litoral de São Paulo, passaram o dia no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer os corpos. A mãe de uma das vítimas afirma que pediu para o filho não ir trabalhar naquela noite.

Na porta do IML de Santos, a irmã de uma das vítimas que morreu eletrocutada no carro alegórico, Rosângela Monteiro, afirma ainda não acreditar no acontecido.“Desespero, nervosa, saber se é verdade ou não, hoje é o aniversário dele, ele faz 27 anos”, desabafa a irmã.

Leandro Monteiro, de 27 anos, foi uma das vítimas do acidente com o carro alegórico na madrugada desta terça-feira (12). Ele tinha sido contratado para trabalhar na ala da força, que ajuda a manobrar os carros alegóricos da escola Sangue Jovem.

 A mãe de Leandro, Maria Benedita Monteiro, disse que tentou convencer o filho a não ir trabalhar nesta madrugada. “Eu falei não vai filho, não vai, a mamãe está pedindo. Ele disse mãe, eu estou precisando de dinheiro. Aí ele chegou às seis horas da tarde na minha casa e depois eu não vi mais, aí soube dessa notícia do que aconteceu com ele”, conta a mãe da vítima.

O vice-prefeito de Santos, Eustázio Alves Pereira Filho, esteve pela manhã no IML para garantir auxílio às vítimas da tragédia. Seis psicólogas davam conforto aos familiares. “Nós estamos no momento dando um apoio psicológico, uma sustentação, para verificar o que as famílias precisam”, afirma Eustázio.

A coordenadora do Programa de Saúde Mental de Santos, Dorian Rojas, ressalta que psicólogos vão ajudar as famílias das vítimas. “Nós estamos com equipes na Santa Casa e equipes no IML, essa equipe vai crescer. Já estamos em contato com todas as famílias que faremos as visitas e, todos os encaminhamentos que são necessários em termos de saúde mental para dar esse apoio, não só diretamente, mas também aos filhos. Enfim, o que for necessário, porque a gente sabe que cada pessoa reage de uma forma diante de situações tão dolororsas”, explica Dorian.

O caso
Quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas depois que um carro alegórico da escola de samba Sangue Jovem tocou em fios elétricos e pegou fogo na madrugada desta terça-feira (12) em Santos, no litoral de São Paulo, durante os desfiles do grupo especial do carnaval da cidade. As vítimas, três contratados pela própria agremiação, além de uma mulher que acompanhava a festa, morreram eletrocutadas. Segundo os Bombeiros, outras seis pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para atendimento. O estado de saúde das outras cinco é estável.

O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, decretou luto oficial de três dias na cidade, além de cancelar a programação de carnaval ainda prevista para o município. Barbosa, inclusive, declarou que a Prefeitura vai procurar o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, para que o laudo conclusivo da perícia feita no local da tragédia esteja em mãos do Poder Público em menos de um mês - conforme a Polícia Civil, o laudo seria apresentado em até 30 dias.

Um dos que desfilaram no carro incendiado foi o ex-jogador Coutinho. Ele desceu pouco antes do veículo pegar fogo. "É triste. Infelizmente as pessoas acabam perdendo os entes queridos em um piscar de olhos", afirmou.

Personalidade homenageada pela alegoria "Rei da Bola", Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, encaminhou ao G1 uma nota lamentando a tragédia no carnaval santista. "Eu, Edson Arantes do Nascimento - Pelé também participo dos sentimentos dos familiares. Isto é coisa que não podemos entender, mas temos que entregar nas mãos de Deus".

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